quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Conflitos atuais
As questões étnicas e religiosas adquirem importância significativa em grande parte dos conflitos pós-Guerra Fria. Eles são de quatro tipos diferentes . O primeiro envolve dois ou mais Estados, como a guerra entre Armênia e Azerbaidjão pela posse de Nagorno-Karabakh. Os conflitos separatistas podem resultar de uma ocupação estrangeira, por exemplo, a luta pela autonomia no Saara Ocidental, anexado pelo Marrocos . Também ocorrem dentro de Estados constituídos quando uma minoria, como os bascos na Espanha, ambiciona separar seu território do país ao qual pertence. Por último existem as guerras civis ou os movimentos guerrilheiros objetivando a mudança de regime. É o caso da Argélia, onde os fundamentalistas islâmicos reivindicam a implantação de um Estado teocrático.

ÁFRICA

A descolonização da África, entre 1950 e 1970, dá origem a sistemas políticos frágeis, que, em muitos países, acabam degenerando em ditaduras ou em sangrentas guerras civis envolvendo clãs e etnias rivais. A instabilidade do continente é uma herança do caótico processo de colonização. Muitos dos conflitos africanos se arrastam há anos sem perspectiva de se obter a paz, como as guerras civis que devastam a Nigéria, o Sudão e a Somália . As principais tensões na África contemporânea ocorrem nos Grandes Lagos e na porção norte do continente.
Grandes Lagos – O antagonismo entre as etnias hutu e tutsi - forçadas a conviver dentro das mesmas fronteiras nacionais traçadas pelos colonizadores - é a causa dos conflitos que eclodem em Ruanda e Burundi desde a independência. Um novo período de violência começa em abril 1994, quando um míssil derruba o avião em que viajavam os presidentes dos dois países, ambos hutus. O saldo total de mortes no genocídio - ora de tutsis , ora de hutus - é de mais de 1 milhão de pessoas nos últimos três anos. Atualmente, os tutsis governam tanto Ruanda (desde 1994) quanto Burundi (desde 1996), apesar de ser a etnia minoritária nos dois países (10%, enquanto os hutus são 90% da população). A guerra civil também provoca o êxodo de 2,3 milhões de ruandeses e 389 mil burundineses para outros países, segundo dados do Alto-Comissariado para Refugiados (UNHCR), da ONU, divulgados em 1995.
A emigração em massa de hutus ruandeses para o leste do vizinho Congo (ex-Zaire) é a origem da insurreição que ocorre nesse país entre 1996 e 1997. A minoria tutsi - os baniamulengues -, que vive há séculos nessa região, se sente ameaçada pela presença desses refugiados porque muitos deles são milicianos, responsáveis pelo massacre de tutsis em Ruanda. São os baniamulengues que, liderados por Laurent Kabila, integram as forças que depõem o presidente Mobutu Sese Seko, em maio, com o auxílio do regime tutsi de Ruanda e do governo de Uganda. Assim que assume o poder, Kabila dá um ultimato para que os hutus retornem a Ruanda dando início a uma operação de repatriação. A ONU denuncia as péssimas condições de transporte dos refugiados e também acusa o Exército de Kabila de executar hutus.
Norte da África – A região - ocupada pelos árabes desde o século VII - vem sendo convulsionada pelo crescimento do fundamentalismo islâmico, especialmente na Argélia . Em 1992, o governo argelino anula as eleições vencidas pela Frente Islâmica de Salvação (FIS), desencadeando uma guerra civil entre os fundamentalistas, partidários da instauração de um Estado islâmico, e as forças do presidente Liamine Zéroual. O conflito, que já matou cerca de 60 mil pessoas, se intensifica em 1997: os fundamentalistas são acusados de praticar uma série de massacres contra a população civil, fazendo centenas de vítimas fatais, muitas delas degoladas e mutiladas. Também há suspeitas de que forças do governo estejam envolvidas no massacre. No Egito, os fundamentalistas atuam contra o governo pró-Ocidente de Hosni Mubarak, atacando turistas e monumentos históricos. Em 1995, o próprio Mubarak é vítima de um atentado fracassado. O norte da África é palco de outro conflito: entre 1975 e 1979, Marrocos anexa o Saara Ocidental (ex-colônia espanhola), mas a maioria da população local contesta a ocupação e luta pela sua autonomia.

EUROPA

O continente abriga antigos movimentos separatistas na Irlanda do Norte, na Espanha e na França . Na década de 90 eclodem tensões étnicas e religiosas na ex-URSS e na ex-Iugoslávia, decorrentes do colapso do comunismo. Ao se libertar do domínio dos governos totalitários de Moscou e de Belgrado, os diversos povos iniciam um caótico processo de afirmação das particularidades nacionais.
Cáucaso – A desintegração da URSS abre um período de instabilidade política na região, até então subjugada pelo poder central soviético. Após a independência, em 1991, a Geórgia é ameaçada por rebeliões separatistas nas regiões de Ossétia do Sul (norte), cuja população quer se unir à Ossétia do Norte, na Rússia; e na Abkházia (noroeste), onde os muçulmanos lutam pela autonomia. Já a Armênia (cristã) e o Azerbaidjão (muçulmano) disputam desde 1988 a posse de Nagorno-Karabakh, região habitada por uma maioria armênia porém localizada dentro do Azerbaidjão . Ainda no Cáucaso, em 1995, a Federação Russa intervém na
Chechênia , numa reação a sua declaração de independência, e assim se estabelece um conflito que mata 30 mil pessoas. Em 1996 é acertado um cessar-fogo e, no ano seguinte, assinado um acordo que prorroga para 2001 a definição do status político dessa república.
Bálcãs – Os primeiros conflitos étnicos e religiosos na ex-Iugoslávia estouram após a morte de Josip Broz Tito , em 1980. A implosão do comunismo no Leste Europeu, de 1989 a 1990, faz agravar as tensões levando a Bósnia-Herzegóvina à guerra civil entre 1992 e 1995. O embate, que opõe sérvios, croatas e muçulmanos, deixa 200 mil mortos e 844 mil refugiados, segundo o UNHCR (dados de 1995).
Europa Ocidental – Desde o começo do século XX, o Exército Republicano Irlandês (IRA) luta contra a ocupação do Reino Unido na Irlanda do Norte (Ulster). O conflito entre os católicos do IRA e os britânicos, protestantes, se estende até 1994, quando o IRA anuncia um cessar-fogo. A trégua é interrompida em 1996 com uma nova onda de atentados. Em 1997, as negociações são retomadas. Na Espanha , o grupo separatista basco Pátria Basca e Liberdade (ETA) reivindica a independência da região do País Basco. A luta armada se acirra após 1983. Em 1997, o ETA assassina o político Miguel Ángel Blanco, provocando protestos em massa no país contra o terrorismo basco. No mar Mediterrâneo, os guerrilheiros da Frente de Libertação Nacionalista da Córsega (FLNC) mantêm, desde 1966, uma campanha terrorista pela independência dessa ilha pertencente à França.

ÁSIA

A extinção da URSS também desencadeia conflitos na Ásia Central, onde estão algumas de suas ex-repúblicas. A guerra civil no Afeganistão aumenta ainda mais a instabilidade política nessa região. No Oriente Médio, as principais tensões envolvem israelenses e palestinos. Já o Subcontinente Indiano enfrenta movimentos separatistas e o Sudeste Asiático é conturbado por conflitos no Camboja.
Ásia Central – Com o fim do domínio soviético ocorre uma revitalização do islamismo nas antigas repúblicas da URSS, uma região habitada majoritariamente por muçulmanos. No Tadjiquistão as tensões levam à guerra civil, iniciada em 1992, entre o novo regime comunista e os grupos islâmicos que reclamam a implantação de um Estado teocrático. A Federação Russa, interessada em barrar a expansão islâmica, apóia o governo, enquanto os muçulmanos recebem ajuda do vizinho Afeganistão . Esse país, por sua vez, é assolado por uma guerra civil entre as várias etnias desde 1979. Em meados de 1997, a milícia fundamentalista Taliban, formada pela etnia patane, controla a maior parte do território apesar de ter sofrido derrotas no norte e perto de Cabul. Mais de 2 milhões de pessoas já morreram no conflito e cerca de 2,6 milhões estão refugiadas em outros países, segundo o UNHCR (dados de 1997). No Tibet , a população budista reivindica a autonomia desde 1950, quando a região é invadida pelo Exército comunista chinês.
Subcontinente Indiano – Após a descolonização, em meados do século, os Estados da região - Índia , Paquistão e Sri Lanka têm sido foco de conflitos étnicos e religiosos. A Índia, um país no qual os hindus são a imensa maioria, defronta com movimentos separatistas de algumas de suas minorias. Nos anos 70, os sikhs do Estado de Punjab começam uma campanha terrorista pela criação de seu próprio país, o Calistão. E, no estado de Jammu e Caxemira, os muçulmanos exigem a sua autonomia ou a sua anexação ao vizinho Paquistão. O Paquistão, país muçulmano, apóia os guerrilheiros separatistas da Caxemira indiana e já entrou em guerra com a Índia três vezes (1947-1948, 1965, 1971) pela posse da região. No Sri Lanka, a violência étnico-religiosa entre a minoria tâmil, seguidora do hinduísmo, e os cingaleses budistas (maioria) se agrava nos anos 70 com o início da revolta armada tâmil pela criação de um Estado independente no norte e no leste do país.
Oriente Médio – A implantação do Estado de Israel em 1948 é feita com a oposição dos palestinos que viviam na região. Desde então, eles vêm lutando pela criação do seu próprio Estado. Em 1993, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Partido Trabalhista de Israel, então no governo israelense, firmam os primeiros acordos de paz para a região, que prevêem a devolução de territórios aos palestinos . As negociações, no entanto, são praticamente paralisadas com a ascensão, em 1996, do conservador Partido Likud ao poder em Israel. Atualmente, grupos fundamentalistas islâmicos contrários aos acordos de paz - com destaque para o Hamas - têm cometido uma série de atentados em Israel. Em julho de 1997 explodem uma bomba no mercado Mahane Yehuda, em Jerusalém, matando 13 pessoas. Outro foco de conflito no Oriente Médio contemporâneo é o Curdistão - região situada nas fronteiras da Turquia , do Irã, do Iraque , da Síria e da Armênia. É habitado pelos curdos, que reivindicam a formação de um Estado independente.
Sudeste Asiático – Uma nova fase de violência assola o Camboja em 1997: o primeiro-ministro Hun Sen depõe, em julho, o príncipe Norodom Ranariddh, que também exercia o cargo de primeiro-ministro. O sangrento golpe de Estado - organizações de defesa dos direitos humanos denunciam a execução sumária de civis e opositores - põe fim a quatro anos de convivência entre facções inimigas. Na Indonésia , a luta pela independência de Timor Leste se arrasta desde 1975-1976, quando o governo indonésio invade e anexa essa antiga colônia portuguesa .

AMÉRICA

Nos anos 90, o continente vive um período de relativa tranqüilidade, com exceção da disputa de fronteira entre Peru e Equador, ocorrida em 1995, e dos grupos de extrema esquerda que atuam no Peru, na Colômbia e no México, mostrando que a luta armada prossegue na América Latina. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, (Farc), o Exército de Libertação Nacional (ELN) e os grupos paramilitares comandam a escalada de violência na Colômbia -atacando bases militares e realizando seqüestros - que ameaça o governo de Ernesto Samper. A ação das guerrilhas também persiste no Peru, apesar da intensa repressão ao terrorismo posta em prática pelo presidente Alberto Fujimori. O maior golpe contra o governo parte do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), que, entre dezembro de 1996 e abril de 1997, ocupa a Embaixada do Japão em Lima e mantém 71 reféns. O seqüestro termina com uma ação militar na qual morrem os 14 guerrilheiros. Já o grupo maoísta Sendero Luminoso ficou enfraquecido após a prisão de seu líder, Abimael Guzmán, em 1992. O México , por sua vez, é palco de rebelião indígena no estado de Chiapas, em 1994, liderada pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) . Em 1996 surge o grupo guerrilheiro Exército Popular Revolucionário (EPR), que também se opõe ao governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), no poder desde 1929.
 
Fonte:http://conflitosmundiaistocolando.blogspot.com.br/2010/05/conflitos-atuais.html

Um comentário:

  1. Este fenômeno se deu em grandes proporções no Brasil nos séculos XIX e XX e foi sempre acompanhado pela miséria de milhões de retirantes e sua morte aos milhares, de fome, de sede e de doenças ligadas à subnutrição. a urbanização é uma das mais poderosas manifestações das relações econômicas e do modo de vida vigentes numa comunidade em dado momento histórico.

    Urbanização é o processo mediante o qual uma população se instala e multiplica numa área dada, que aos poucos se estrutura como cidade. Fenômenos como a industrialização e o crescimento demográfico são determinantes na formação das cidades, que resultam, no entanto da integração de diversas dimensões sociais, econômicas, culturais e psicossociais em que se desempenham papéis relevantes às condições políticas da nação.

    O conceito de cidade muda segundo o contexto histórico e geográfico, mas o critério demográfico é o mais usualmente empregado. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que os países considerem urbanos os lugares em que se concentrem mais de vinte mil habitantes. As nações, porém, organizam suas estatísticas com base em muitos e diferentes padrões. Os Estados Unidos, por exemplo, identificam como "centro urbano" qualquer localidade onde vivam mais de 2.500 pessoas. O processo de urbanização, no entanto, não se limita à concentração demográfica ou à construção de elementos visíveis sobre o solo, mas inclui o surgimento de novas relações econômicas e de uma identidade urbana peculiar que se traduz em estilos de vida próprios.
    Nome:Illgner de Oliveira N°13 2°A

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